domingo, dezembro 10, 2006

Vozes do Além




A Lúcia vivia com a família num casarão. Naquele fim-de-semana, todos tinham ido esquiar. Todos menos ela e o irmão mais velho, o Cristiano, que tinham ficar na aldeia para estudar bué. No sábado passaram o dia todo a marrar, por isso, decidiram recompensar-se a eles próprios pelo trabalho feito, pedindo a maior pizza de todas e sumos. A pizza chegou, ainda por cima era uma de tamanho familiar, e a Lúcia e o Cristiano decidiram devorá-la no salão da casa. Enquanto comiam a pizza gigantesca, ouviram umas vozes infantis. Olharam um para o outro, largaram a pizza e perguntaram-se de onde vinham as vozes. Então viram o «walkie-talkie» do irmão mais novo. Sim, aquele aparelho que os pais usam para saber o que os filhos bebés estão a fazer no quarto sem precisarem de ir lá ver. Não pensaram duas vezes e foram ao quarto do irmãozinho. O outro «walkie-talkie» estava lá, mas o quarto estava vazio. Voltaram para a sala, rindo nervosamente. Estam histéricos, pálidos e sem fome! Quando chegaram à sala, viram que o outro «walkie-talkie» se ligava e voltaram a ouvir as vozes das crianças. Não se percebia o que estavam a dizer. Era como se estivessem a falar. A Lúcia e o Cristiano estavam à beira de um ataque de nervos, mas decidiram voltar ao quarto do irmãozinho. Mais uma vez, não havia ninguém. Mas enquanto voltavam para a sala, ouviram que alguém corria pelo corredor, perseguindo uma bola. Não conseguiam aguentar mais. Pegaram no dinheiro que a mão lhes havia deixado, pelo sim, pelo não, e foram dormir para um hotel.. Alugaram um único quarto para os dois. Estavam mortos de medo! Mas as vozes seguiram-nos até ao hotel, e desta vez eram perfeitamente compreensíveis: «Ajuda-nos, ajuda-nos...». De repente, apareceram um menino e uma menina. Chamavam-se... Cristiano e Lúcia! Acontece que há cem anos, tinha existido um jardim infantil na cave do casarão. Mas num dia fatídico, a casa ardeu e todas as crianças morreram. As suas almas ficaram presas na casa e a porta para o Além só se abria no centésimo aniversário da tragédia. Ou seja, naquele dia! A única maneira de libertar as almas era voltar ao casarão, ir à cave e pedir ao guardiões do Além que deixassem entrar Cristiano e Lúcia. Se não o fizessem, seriam perseguidos pelos fantasmas para sempre. Voltaram a casa e invocaram os guardiões. A porta do Além abriu-se, mas não levou os fantasmas, e sim Cristiano e Lúcia. Nunca mais voltaram e as duas crianças fantasma continuam a percorrer o casarão, à espera que passem mais cem anos...

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1 Comments:

Anonymous Alana said...

Eu gostei desse post... maneiro a "troca"

1:25 da tarde  

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